Dez anos de ciência e conservação celebrados com soltura de pinguins-de-Magalhães.
Após exatamente dois meses do primeiro registro de encalhe de pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) da temporada de inverno 2025 no litoral do Paraná, um grupo de aves reabilitadas voltou ao oceano.
A soltura marcou dois momentos importantes: além de simbolizar a recuperação daqueles que chegaram debilitados às praias, o evento celebra o aniversário de 10 anos de atuação do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) no litoral paranaense.
“Cada soltura é o resultado de um trabalho coletivo e multidisciplinar que envolve ciência, dedicação e compromisso. Para a equipe, ver esses animais voltando ao mar com saúde é a melhor forma de celebrar uma década de esforços em prol da conservação da biodiversidade”, afirma Camila Domit coordenadora do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da UFPR e do PMP-BS no Paraná.
Encalhes em 2025: cenário e números
Os pinguins-de-Magalhães chegam anualmente ao litoral brasileiro entre os meses de maio e setembro, vindos da Patagônia Argentina e Chilena. Percorrem aproximadamente 4 mil quilômetros em busca de alimento, mas nem todos conseguem completar o trajeto, especialmente os animais juvenis. Muitos encalham nas praias já debilitados, seja pela exaustão natural da migração ou devido a interações com atividades humanas, como redes de pesca e lixos.
Em 2025, até 17 de agosto, foram registrados 373 pinguins encalhados no Paraná. Desse total, 326 foram encontrados sem vida, mas 47 chegaram vivos às praias, sendo resgatados pela equipe do PMP-BS/LEC-UFPR e encaminhados ao Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise de Saúde da Fauna Marinha (CReD/UFPR).
De acordo com o médico veterinário Felipe Fukumori, do PMP-BS/LEC-UFPR, os animais resgatados com vida geralmente apresentam a chamada síndrome do pinguim encalhado.
Ou seja, após avaliação clínica, é confirmando que o indivíduo encontra-se debilitado, subnutrido, desidratado e incapaz de manter a própria temperatura corporal. Entretanto, os encalhes deste ano também puderam ser associados a outras atividades antrópicas, identificadas através de exames clínicos e necropsia.
“Durante o atendimento foi possível identificar marcas no animal de emalhe em redes de pesca, que comprovam a interação com a atividade pesqueira.
Além disso, através de exames de imagens e posteriormente na necropsia, foram encontrados fragmentos, como plástico e outros lixos no sistema digestivo dos pinguins”, complementa Felipe.
Recuperação: do resgate à soltura
O processo de recuperação dos pinguins-de-Magalhães começa no momento em que encalham nas praias. O trabalho realizado pelos técnicos de monitoramento e monitores de campo é fundamental para aumentar as chances de sobrevivência dos indivíduos.
No CReD/UFPR, os animais recebem atendimento especializado, que inclui exames clínicos e laboratoriais para identificar o estado geral e possíveis complicações. A partir desse diagnóstico, inicia-se a fase de estabilização e hidratação, seguida de uma dieta balanceada, composta por peixes frescos e suplementação nutricional.
À medida que evoluem na reabilitação, os pinguins passam a ter acesso às piscinas, onde recuperam força muscular, voltam a impermeabilizar as penas e readquirem comportamentos sociais importantes, como a formação de grupos. Essa fase é decisiva para avaliar se eles estão prontos para voltar ao oceano. Somente quando atingem as condições ideais de saúde, peso e comportamento, os pinguins recebem a liberação para a soltura.
Pinguins de volta ao mar
O momento da soltura é planejado com cuidado. Sob supervisão da equipe, os pinguins caminham pela areia até alcançarem o mar, onde retomam ao oceano. O momento, além de emocionante, simboliza a conexão entre ciência, sociedade e a conservação do oceano e da vida.
SOBRE O PMP-BS
A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.
No estado do Paraná, Trecho 6, a execução do projeto é realizada pela equipe LEC/UFPR (@lecufpr e www.lecufpr.net).
Fonte: UFPRLitoral / foto de Giuliani Manfredini
Portal Litoral do paraná
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