Uma Obra-prima de Engenharia.
A Estrada de Ferro Paranaguá – Curitiba, inaugurada em 1885, é uma das maiores obras de engenharia ferroviária do Brasil e um verdadeiro marco na conexão entre o litoral e o planalto paranaense. A linha atravessa a majestosa Serra do Mar, revelando paisagens de tirar o fôlego e preservando um importante pedaço da história e da natureza do Paraná.
O Desafio de Conquistar a Serra
No final do século XIX, a necessidade de uma ligação eficiente entre Curitiba e o porto de Paranaguá era urgente. A economia da região dependia do transporte de mercadorias como erva-mate e café para exportação. No entanto, o obstáculo natural da Serra do Mar representava um grande desafio.
Sob o comando dos engenheiros Antônio Pereira Rebouças Filho e João Teixeira Soares, as obras começaram em 1880. Com técnicas pioneiras para a época, os trabalhadores enfrentaram dificuldades extremas: terrenos íngremes, clima adverso e a ameaça constante de doenças tropicais.
A construção envolveu milhares de operários, incluindo imigrantes europeus, e utilizou soluções ousadas, como viadutos sustentados por pilares de ferro e túneis escavados manualmente em rocha sólida.
A Inauguração e o Legado
Após cinco anos de trabalho árduo, a ferrovia foi inaugurada em 2 de fevereiro de 1885, sob o governo provincial do Paraná e com financiamento público e privado. A linha, com cerca de 110 km, atravessa 13 túneis e 41 pontes e viadutos, muitos deles obras-primas da engenharia, como a Ponte São João e o Viaduto do Carvalho, que parecem desafiando as leis da gravidade.
A ferrovia não apenas conectou economicamente o estado, mas também se tornou um símbolo de progresso e integração. Com o tempo, a linha ferroviária passou a transportar passageiros, oferecendo um dos passeios mais belos do Brasil. Hoje, o trajeto é famoso pelo turismo, permitindo que viajantes explorem a exuberância da Mata Atlântica, uma das florestas mais biodiversas do mundo.
A locomotiva usada na Estrada de Ferro veio inicialmente da Inglaterra, que era, na época, uma das maiores fabricantes de locomotivas do mundo. O Brasil importou as primeiras locomotivas e vagões de países europeus devido à falta de indústrias locais capazes de produzir esse tipo de equipamento no século XIX.
Locomotivas
As locomotivas a vapor, foram projetadas para enfrentar os desafios específicos da linha, como os aclives acentuados e as curvas fechadas da Serra do Mar. Esses modelos eram robustos e adaptados para lidar com o terreno íngreme e os trechos complexos de pontes e túneis.
Além da Inglaterra, outras locomotivas foram adquiridas posteriormente de fabricantes dos Estados Unidos e da Alemanha, à medida que a ferrovia crescia em importância e demanda. Essas locomotivas importadas foram fundamentais para o transporte de cargas como café, erva-mate e madeira, além de passageiros.
Preservando a História e a Natureza
Operada atualmente pela Serra Verde Express para fins turísticos, a Estrada de Ferro continua a encantar brasileiros e estrangeiros. Além do passeio ferroviário, ela destaca a importância da preservação ambiental, já que grande parte de sua extensão atravessa o Parque Estadual da Serra do Mar, uma área de conservação ambiental.
A Contribuição Internacional na Construção da Estrada de Ferro
A construção da Estrada de Ferro contou com mão de obra de diversos países, especialmente de imigrantes europeus. Italianos, alemães e poloneses foram os principais grupos que participaram do projeto. Esses trabalhadores, atraídos pelo sonho de melhores condições de vida no Brasil, desempenharam papéis fundamentais nas etapas mais desafiadoras da obra, como a escavação de túneis e a construção de pontes.
Além disso, engenheiros britânicos também contribuíram para o projeto, dada a expertise do Reino Unido em ferrovias na época. O Brasil importou tecnologia e materiais de países europeus, como trilhos e equipamentos de ferro fundido. Essa colaboração internacional foi essencial para superar os obstáculos naturais da Serra do Mar e viabilizar uma das ferrovias mais ousadas do mundo no século XIX.
Propriedade da Estrada de Ferro: Pública ou Privada?
Originalmente, a Estrada de Ferro foi construída pelo governo da Província do Paraná em parceria com investidores privados. Após a conclusão, ela foi operada como uma ferrovia pública, conectando economicamente o planalto ao litoral.
Atualmente, a ferrovia é de propriedade da União, mas sua operação foi concedida a empresas privadas. Desde 1997, a administração e operação da linha estão sob concessão. O trecho turístico, famoso pelo passeio entre Curitiba e Morretes, é gerenciado pela Serra Verde Express, uma empresa privada especializada em serviços turísticos. Já o transporte de cargas na linha é operado pela empresa Rumo Logística, responsável pela integração do Porto de Paranaguá com o interior do país.
Essa parceria entre o governo e a iniciativa privada mantém a ferrovia ativa e economicamente viável, além de garantir a preservação histórica e ambiental de uma das mais importantes rotas ferroviárias do Brasil.
A ferrovia é mais que uma rota; é um testemunho do engenho humano e da riqueza natural do Paraná. Ao longo de sua trajetória, ela mantém viva a memória de um feito monumental, inspirando gerações a valorizar a história e proteger o patrimônio natural e cultural do Brasil.

Fotos Marc Ferrez – Arquivo Biblioteca Nacional
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