Porto de Paranaguá no centro do comércio internacional: entre recordes e incertezas.
Se por um lado os primeiros meses de 2025 registraram um crescimento impressionante nas exportações para os Estados Unidos com destaque para produtos como café, carne bovina, suco de laranja e celulose, por outro, a ameaça concreta de tarifas de 50% impostas pelo governo norte-americano a partir de agosto pode colocar em xeque esse ciclo de prosperidade.
Segundo dados oficiais do comércio bilateral, os EUA importaram mais de 22 bilhões de dólares em produtos brasileiros nos primeiros cinco meses de 2025, com destaque para cargas que saem pelo porto de Paranaguá.
O terminal paranaense foi protagonista nas exportações de commodities agroindustriais e industriais de alto valor agregado como café não torrado, carnes congeladas, celulose e resinas químicas.
Café, carne e suco: o tripé que impulsiona o cais paranaense
Entre janeiro e maio de 2025, o Brasil viu suas exportações de café saltarem 82,9%, com os EUA sendo o principal destino. Paranaguá, um dos principais corredores de escoamento dessa commodity no Sul do país, teve seus armazéns e terminais operando no limite da capacidade.
Outro destaque foi a carne bovina. Com aumento de 144% nas exportações de carnes congeladas, o porto também se consolidou como elo fundamental entre frigoríficos brasileiros e o mercado americano, que hoje consome em larga escala produtos oriundos do Paraná e Mato Grosso.
No setor de sucos, o suco de laranja brasileiro representa 60% do que é consumido nos Estados Unidos, sendo grande parte exportada através do Porto de Paranaguá, que abriga operadores especializados nesse tipo de carga refrigerada.
A sombra de Trump sobre Paranaguá
Apesar do bom momento, paira uma nuvem pesada no horizonte. Donald Trump, anunciou que pretende impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o que elevaria a carga tributária média atual de 10% para níveis sufocantes o equivalente a um bloqueio informal ao comércio.
Se confirmadas em 1º de agosto, essas tarifas atingirão diretamente cargas que partem de Paranaguá, sobretudo nos setores mais vulneráveis: café, suco de laranja, carne e produtos químicos. Empresários locais já reportam cancelamento de pedidos e redirecionamento de cargas para a Ásia e Europa, em busca de mercados alternativos.
Impactos locais: empregos, frete e economia regional em risco
Para Paranaguá, a escalada tarifária representa mais do que uma disputa diplomática é uma ameaça real à economia local. O porto gera milhares de empregos diretos e indiretos, que dependem da fluidez no comércio exterior.
Transportadoras, operadores portuários, estivadores, despachantes e armazéns sentem no cotidiano a oscilação do mercado internacional.
Se essa tarifa for confirmada, nosso volume de exportação para os EUA pode cair até 60%. Isso afetará toda a cadeia logística do porto.
Oportunidade estratégica: modernizar e diversificar
Apesar do alerta, o momento também pode ser uma oportunidade. Especialistas defendem que o Porto de Paranaguá deve acelerar sua modernização, ampliar rotas alternativas e investir em acordos com mercados asiáticos e europeus, que já demonstram interesse em assumir parte do fluxo deixado pelos americanos.
Além disso, há apelos para que o governo brasileiro atue com firmeza junto à OMC (Organização Mundial do Comércio) e mobilize sua diplomacia para conter a retaliação comercial, que atinge diretamente setores em que o Brasil é líder mundial.
Paranaguá como termômetro da nova geopolítica comercial
O Porto de Paranaguá, com sua história centenária e papel fundamental na balança comercial brasileira, se vê hoje no epicentro de uma transformação geoeconômica. O que antes era um fluxo previsível de commodities e produtos industrializados agora se torna um campo de disputa política e tarifária.
A luta não é apenas por tonelagem exportada, mas pela preservação da soberania econômica do Brasil frente ao protecionismo crescente. Em meio a essa turbulência, cabe à gestão portuária, às lideranças políticas e à iniciativa privada encontrar caminhos para blindar o porto e manter Paranaguá como um dos motores do desenvolvimento nacional.
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